terça-feira, julho 10, 2007

O Elogio das Mocréias

Amigo meu e eu távamos jogando conversa fora um tempo atrás e ele me veio com a história de que, se não fosse uma mocréia, era capaz de ele nunca ter perdido a virgindade. Eu me ouricei porque acho que essa perfeição estética almejada pelas moças hoje em dia é até incompactível com as possibilidades de um corpo humano feminino saudável. Prova disso é a quantidade de plásticas a que se submetem para ficarem "aceitáveis" as atrizes, cantoras, cantrizes e afins.
Daí, de bobeira no computador de noite, calhei de escrever um "elogio às mocréias". E é o que aí vai. Posto, porque achei engraçado.

Salvem as mocréias!
Esses anjos tortos, ressentidos de desejos reprimidos
Que desfilam sua magnífica fealdade pelas ruas de nossas cidades
E nos olham olhares pidões, implorativos, desejarentes.
Seus corpos oblongos, desconexos, imperfeitos, maravilhosos
São os únicos a atrair meu olhar transbordante de perfeição televisiva
Das musas seriais das academias
Body-builded como frankensteins modernos,
Todas formas, e todas tinturas, e todas piercings e todas tatuagens
Oxigenação de esmalte brilho modelagem lipoaspiração frases feitas manicurais
Pedicuradas fashioness geneticamente planejadas siliconágeis, sexualidade em uma malha
Desvalorização do subjetivo, iniqüidade clonada, paralelepípedas seriais.
Salvem, ah, salvem as mocréias,
Divinos aparelhos, sacrossantas desproporções!
Amálgamas de humildades e sonhos,
Têm reprimido no peito todo um calor que eu nem sei.
Há muito minha sexualidade caiu no barro, voltou suja.
E sujo demais me submeteria ao desejo da Top Model da vez.
Porque apenas se uniriam dois vazios e nenhum sentido.
Eu as quero estrábicas, desconjuntadas, escabeladas, míopes, gordas, magras,
Verdadeiras musas de nossos dias iguais!

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