À Nave Mãe
Cês já viram 2001 - Uma Odisséia no Espaço?
Quer coisa mais poética que aquele astronauta flutuando no vácuo? Bão, escrevi uma ode à Nave Mãe, inspirado em uma historinha do Monstro do Pântano. Lá vai ela.
Os raios de sol se movem cerca de oito minutos até que sua luz chegue
E, ao interceptá-los, sinto um vago estremecimento de teu corpo
Como se por temor que a luz vívida descubra teus segredos internos
Teus rumores estomacais e metálicos, teu gerador central, teu útero de ferro e amianto.
Pequenos ácaros brancos desfilam sobre teu corpo
Mal tocando tua superfície com patas sumamente defeituosas
Mas me assusta que esses ácaros
Um dia domem tua animidade, e te lancem, doença impiedade
No vazio sem fim, tomando a rota da esquerda
Atrás da lua, cheia, sempre,
Consensiosa madrinha dos amantes,
Na rota de uma nova concepção de ser.
Fugirias de mim assim? Eu, que vou e volto incessantemente,
Amante infiel e adorado de luzes estroboscópicas multicolorais, arco-íris no vácuo
De teus desejos inermes
Eis que me aproximo!
Ah, escuridão cheia de luz, oblitera em teu silêncio
A mágoa da violação. Pois me aproximo.
Pequenos ácaros, agora é hora de dormir. Durmam, e sonhem com o infinito palpitante
Enquanto me aproximo da Nave-mãe, derradeira estação espacial,
Mãe de meu desejo, veículo de meu prazer.
Estendo silenciosamente - pois tudo, o mero toque cálido
É silencioso, quase sagrado - minhas gigantescas pinças tremeluzentes
E, num suspiro de gases escorrendo para o vácuo,
Acoplo-me a ti. Copulo-me a ti. Copulamos uma vez mais
No espaço infindo
Enquanto Deus,
vouyeur supremo,
estremece de sensibilidade.
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