quinta-feira, dezembro 07, 2006

Leituras

Eu estava conversando com um amigo a respeito da série Discworld, de Terry Pratchett, no outro dia (essa conversa de “no outro dia”, em blogs, significa que faz um tempão, mas que o blogger só resolveu comentar agora). Ele resumiu a opinião dele a um “eu achei meio chato” e teria parado por aí.

Abre parêntesis. Se você não gosta de devaneios, pode pular lá pra baixo, no próximo parágrafo. Talvez essa seja a única crítica honesta: ou gostamos de um livro ou não gostamos. Se gostamos, o livro é bom; se não, o livro é mau, e não adianta os especialistas escreverem trabalhos ou teses provando que o livro é bom(ou mau) por causa da técnica narrativa do autor, ou pela maneira como os capítulos estão dispostos. Nossa opinião nem rela nisso. Nosso julgamento se baseia na experiência pessoal, em nossas referências e na maneira como nos permitimos ser tocados pelo autor, e tudo se coaduna com o texto para criar uma impressão de gostar ou não de um livro ou texto. Não importa quão eminente seja o crítico, a palavra final é a do leitor. Fecha.

Bom, eu comentei que, pessoalmente, gosto do trabalho do Pratchett. Não encaro como uma leitura séria, nem como algo leviano para se fazer quando se tem tempo de sobra: encaro como uma leitura boa. Leve, sem grandes tramas, usando vários elementos conhecidos do leitor e tecendo eles em histórias maiores. Mais ou menos o que foi a chave do sucesso do Harry Potter e do Senhor dos Anéis (desculpas aos que cultuam Tolkien, mas é isso mesmo, não é não?). E às vezes encontramos partes muito boas em que ele satiriza os usos e costumes da sociedade moderna, e tiradas esporádicas de gênio.

Aí é que vem a parte que eu queria comentar. O meu amigo olhou para mim e disse: "É, mas eu não vou ler um livro todo pra achar uma coisa boa aqui e outra lá. Pra isso eu prefiro ver só as citações." Quero salientar que isso vem de um cara que lê mais de um livro por mês, adora Dostoiévski, se liga em pintura, quadrinhos e filosofia oriental, tem terceiro grau completo e foi criado na volta dos livros desde criança, sem dificuldade para expor suas idéias. Isso meio que quebrou meu rebolado.

Então, queria levantar essa questão: é possível um autor manter uma produção constante só com tiradas geniais? Como é que você lê? Gosta de uma argumentação bem concatenada, cada argumento no lugar, ou prefere esperar pelo brilho fugar de um toque de gênio? Tou lendo do "jeito errado" e não sei?

Era isso. Agora, tá com você.

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